Informações aos católicos

 



APOSTOLICA SEDES VACANS


Alguns elementos importantes para que os fieis compreendam este momento da vida da Igreja:

1. Cristo Senhor entregou Sua Igreja aos Doze e a Pedro. Pedro é um dos Doze e, ao mesmo tempo, é único no seu ofício.
O que o Senhor deu aos Doze, deu-o a Pedro sozinho. A autoridade apostólica dos Doze reside nos Bispos ordenados validamente e, portanto, herdeiros da sucessão apostólica. Cada Bispo é sucessor dos Doze. Quanto ao Bispo de Roma, é não somente sucessor dos Doze, mas especialmente Sucessor de Pedro naquilo que este tem de especial no pastoreio da Igreja, tal qual aparece em variados textos do Novo Testamento e na perene e antiquíssima Tradição Apostólica da Igreja.

2. Por vontade do Senhor Jesus, o Papa, como Bispo de Roma, é o cabeça do Colégio dos Bispos e o Chefe visível da Igreja de Cristo. O poder do Papa é aquele de ser o primeiro discípulo do Senhor, o primeiro a saber ouvir o Senhor, o primeiro a obedecer, o primeiro a guardar o depósito da fé. A primeira missão do Papa é proclamar Jesus como o Messias, Filho do Deus vivo, com tudo que tal proclamação tem de consequência. Nesta certeza, o Papa deve confirmar seus irmãos Bispos e todos os fieis. Ele não faz isto por suas próprias forças. O próprio Senhor diz a Pedro: “Eu orei por ti para que tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos!”

3. Claro que se um Papa renuncia ao ofício de Bispo de Roma, apesar de continuar sendo Bispo, já não é o pastor de Igreja de Roma (da Diocese de Roma) e, portanto, já não exerce o ofício de Sucessor de Pedro. Assim sendo, já não tem mais a autoridade (= a potestade, se diz tecnicamente) para governar a inteira Igreja católica.

4. Do ponto de vista secular, o Papa é o Chefe da Cidade-Estado do Vaticano, de onde historicamente ele exerce o pastoreio sobre toda a Igreja. Esta autoridade de Chefe de Estado cessa com a morte ou a renúncia. Do ponto de vista organizativo, o Vaticano é um órgão burocrático (isto é, de governo, de organização) para permitir ao Papa exercitar praticamente seu complexo ministério. Pensem-se nas várias congregações (= ministérios), na Secretaria de Estado, que cuida das relações diplomáticas com os vários países, nos vários órgãos para a administração do patrimônio artístico e cultural da Santa Sé, etc. Quando um Papa morre ou renuncia, todo este aparelho entre em recesso. Dois cardeais nesta ocasião têm uma especial responsabilidade: o Decano do Sacro Colégio, que é o responsável por convocar os cardeais para o Conclave que elegerá o novo Papa, e o Camerlengo da Santa Igreja Romana, isto é, aquele que cuidará do bom andamento do governo ordinário da Cidade-Estado do Vaticano.

5. Voltando ao aspecto religioso. Mesmo com o Papa Emérito Bento XVI vivo, consciente e presente a Roma, ele não tem mais poder algum sobre a Igreja nem do ponto de vista doutrinal nem de governo. Assim, é total bobagem, fruto de ignorância e necessidade de criar factoides e notícias levianas, falar em dois focos de poder ou mesmo, ainda que de longe, o Papa Emérito ter alguma influência na Igreja por atos ou palavras. Sua influência é aquela nascida do seu pontificado, como teria mesmo que estivesse morto.

6. A autoridade de Pedro não permanece com os Cardeais nem com o Vaticano, nem com o Decano, nem com o Camerlengo, nem com os Bispos reunidos, nem com um Concílio. Somente um Papa eleito legitimamente terá tal autoridade e poderá exercitá-la.

7. Os participantes do Conclave discutirão, analisarão as necessidades e desafios da Igreja e, perante Deus e sua própria consciência, elegerão o novo Sucessor de Pedro. Quando dizemos que o Espírito Santo assiste aos Cardeais, não devemos pensar em alguma ação especialíssima do Santo Espírito, mas na Sua ação como se faz sentir sempre na vida da Igreja toda. Em todos os momentos mais importantes da vida eclesial, a santa Igreja invoca o Espírito para que a ilumine, a sustente e a conduza. A ação do Espírito não exclui nem dispensa os cardeais de pensar, de discutir, de refletir e decidir, de eleger o Sucessor de Pedro e Pastor da Igreja universal.

Dom Henrique Soares da Costa, 
Bispo Titular de Acúfica e Auxiliar de Aracaju.


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