Alimento Forte


Ir atrás de alguém por interesse material não é suficiente para a realização humana. A promoção da real cidadania passa pelo crivo dos eleitores e eleitos com a prática da realização de projeto de promoção de vida digna para todos. Quantos vão atrás de políticos para pedirem alguma ajuda e até vendem o voto em troca de algum favor. O clientelismo na política não resolve o problema social de modo duradouro e abrangente. Precisamos eleger quem tem condição ética e de preparo para o exercício do cargo com ideal e prática do real serviço ao bem comum. Vale muito mais não receber algum favor e eleger quem é apto para o cargo, que beneficiará a toda a sociedade. Como conseqüência também nós somos beneficiados.

Jesus sabia que muitos o procuravam por causa de milagres e do alimento material. Ele até os fazia, mas para demonstrar que podiam acreditar nele e o seguirem para obterem outro tipo de milagre e alimento, os da vida de sentido. Eles tornam a pessoa forte o suficiente para a vida toda aqui na terra, com o penhor ou embasamento para vida duradoura e eterna feliz. É o alimento forte do amor, com fonte no próprio Deus (Cf. João 6,24-35). 

Acreditar em Jesus é fundamental para o ser humano ser forte o suficiente e vencer os embates da vida. Aliás, o divino Mestre até inventa a Eucaristia para selar a presença dele em quem assume viver com Ele e realizar o seu mesmo projeto de vida. Daí para frente tudo é vencido, mesmo tendo-se que dar a própria vida como meio de servir o semelhante. A pessoa, com o alimento forte dele, é capaz de superar os próprios limites, vencendo o mal, ou seja, tudo o que contraria o projeto de Deus. Só se realiza humanamente quem é capaz de dar tudo de si para fazer uma convivência com os critérios do amor implantado por Deus. A pessoa se coloca à sua disposição para promover o bem ao semelhante, com a promoção da justiça, da vida, da solidariedade e do bem comum.

Uma vez conscientizados sobre o alimento especial apresentado por Jesus, os discípulos pediram-no para si. Ele afirmou ser o próprio alimento: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome” (João 6,35). Por isso, seguir o Filho de Deus se torna uma espécie de osmose da pessoa com Ele. Não é possível deixá-lo mais. Se isso acontecer, a pessoa percebe que a vida não tem sentido. É mais do que uma pessoa casada perder seu par. Aliás, a realização humana plena se dá com a intimidade dela com Deus. Jesus mesmo afirma: “Sem mim nada podeis fazer”. Todo ser humano pode até ter muitos bens, prazeres, bem estar, posição social de destaque ou tudo o que quiser. Sem a realização do projeto de Deus ela se torna vazia. A vida não tem sentido. Por isso é que Jesus se coloca no meio da humanidade para nos provar que vale a pena segui-lo e realizar o projeto de Deus, mesmo andando por um caminho mais estreito e de exigência de conduta adequada a quem O segue. O paganismo não leva a pessoa além do horizonte do tempo presente: “Não continueis a viver como vivem os pagãos, cuja inteligência os leva para o nada”, diz S. Paulo (Efésios 4,17). Para tanto, é preciso haver conversão à vida nova do Filho de Deus.


Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros

Fonte: http://cnbb.org.br/site

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