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Em que sentido
celebramos os mortos?





Cristo esperança de todos os que crêem, ao dizer: O nosso amigo Lázaro dorme (Jo 11,11), chama adormecidos e não mortos os que partem deste mundo.

Também o santo Apostolo Paulo não quer que entristeçamos a respeito dos que já adormeceram, porque a fé assegura que todos os que crêem no Cristo, segundo a Palavra do Evangelho, não morrerão para sempre. Sabemos, pela fé, que ele não está morto e nós também não morreremos. Com efeito, à voz do arcanjo e ao som da trombeta divina, descerá do céu e os que nele tiverem morrido ressuscitarão (cf.1Ts 4,16).

Que a esperança da ressurreição nos anime, pois os que perdemos neste mundo tornaremos a vê-los no outro; basta para isso cremos no Senhor com verdadeira fé, obedecendo aos seus mandamentos. Para ele, todo-poderoso, é mais fácil despertar os mortos que acordarmos nós os que dormem. Dizemos essas coisas e, no entanto, levados não sei por que sentimento desfazemo-nos em lagrimas e a saudade nos perturba a fé. Como é miserável a condição humana e nossa vida sem Cristo torna-se sem sentido!

Ó morte, que separas os casados e, tão dura e cruelmente, separas também os amigos! Mas teu poder já está esmagado! Teu domínio impiedoso foi aniquilado por aquele que te ameaçou com o brado de Oséias: Ó morte, eu serei a tua morte! (Os 13,14 Vulg.). Nós também podemos desafiar-te com as palavras do Apostolo: Ó morte, onde está a tua vitória? Onde está o teu aguilhão? (1Cor 15,55).

Quem te venceu nos resgatou, ele que entregou sua amada vida às mãos dos ímpios, para fazer ímpios seus amigos. São inúmeros e varias as expressões da Sagrada Escritura que nos podem consolar a todos. Basta-nos, porem, a esperança da ressurreição e termos os olhos fixos na glória de nosso Redentor. Pela fé já nos consideramos ressuscitados com ele, conforme diz o Apostolo: Se morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele (Rm 6,8).

Já não nos pertencemos, mas somos daquele que nos redimiu. Nossa vontade deve sempre depender da sua. Por isso dizemos ao rezar: Seja feita a vossa vontade (Mt 6,10). Pela mesma razão, devemos dizer como Jó, quando choramos alguém que morreu: O Senhor deu o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor (Jó 1,21). Façamos nossas estas palavras dele, a fim de que, aceitando como ele a vontade do Senhor, alcancemos um dia semelhante recompensa.
Das Cartas de São Bráulio de Saragoça, bispo Séc. VII.

Cristo morreu e ressuscitou para ser o Senhor dos mortos e dos vivos (Rm 14,9). Deus, porém não é Deus dos mortos, mas dos vivos (Mt 22,32). Por isso, os mortos, que tem por Senhor aquele que vive já não são mortos, mas vivos; a vida se apossou deles para que vivam sem nenhum temor da morte, à semelhança de Cristo que, ressuscitado dos mortos, não morre mais (Rm 6,9). Assim, ressuscitados e libertos da corrupção, não mais sofrerão a morte, mas participarão da ressurreição de Cristo, como Cristo participou da morte que sofreram.

Se ele desceu a terra, até então uma prisão perpétua, foi para arrombar as portas de bronze e quebrar as trancas de ferro (cf. Is 45,2; Sl 106,16), a fim de atrair-nos a si, livrando da corrupção a nossa vida e convertendo em liberdade a nossa escravidão. Se este plano de salvação ainda não se realizou _ pois os homens continuam a morrer e os corpos a decompor-se _ ninguém veja nisso um obstáculo para a fé. Com efeito, já recebemos o penhor de todos os bens prometidos, quando Cristo levou consigo para o alto as primícias de nossa natureza e já estamos sentados com ele nas alturas, como afirma São Paulo: Ressuscitou-nos com Cristo e nos fez sentar com ele nos céus (Ef 2,6).

Por este motivo, tendo Cristo elevado para junto do Pai as primícias da nossa natureza, leva também consigo todo o universo. Foi o que prometeu ao dizer: Quando eu for elevado da terra atrairei todos a mim (Jo 12,32).
Dos sermões de Santo Anastácio de Antioquia, bispo Séc. VI.

O que diz o Catecismo da Igreja:

1681. O sentido cristão da morte é revelado à luz do mistério pascal da morte e ressurreição de Cristo, em quem pomos a nossa única esperança. O cristão que morre em Cristo Jesus “abandona este corpo para ir morar junto do Senhor”.

1682. O dia da morte inaugura para o cristão, no termo da sua vida sacramental, a consumação do seu novo nascimento começado no Batismo, o definitivo “assemelhar-se à imagem do Filho”, conferido pela unção do Espírito Santo e pela participação no banquete do Reino, antecipada na Eucaristia, ainda que algumas derradeiras purificações lhe sejam ainda necessárias, para poder vestir o traje nupcial.

1683. A Igreja que, como mãe, trouxe sacramentalmente no seu seio o cristão durante a sua peregrinação terrena, acompanha-o no termo da sua caminhada para entregá-lo “nas mãos do Pai”. E oferece ao Pai, em Cristo, o filho da sua graça, e depõe na terra, na esperança, o gérmen do corpo que há de ressuscitar na glória. Esta oblação é plenamente celebrada no sacrifício eucarístico, e as bênçãos que o precedem e o seguem são sacramentais.

Oração: Ó Deus escutai com bondade as nossas preces e aumentai a nossa fé no Cristo ressuscitado, para que seja mais viva a nossa esperança na ressurreição dos vossos filhos e filhas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém

Padre Luizinho,
Comunidade Canção Nova.

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