Missa: o Sacrifício perfeito e santo do Cristo


Caro Internauta, leia com atenção estas palavras do Beato João Paulo II, escritas para os Bispo e sacerdotes em 1980... Pense nas missas das quais você participa... Elas deveriam exprimir o Mistério Santo!

A Eucaristia é, acima de, tudo, um Sacrifício: sacrifício da Redenção e, ao mesmo tempo, sacrifício da nova Aliança, como nós acreditamos e claramente professam as Igrejas do Oriente: "o sacrifício hodierno — afirmou há alguns séculos atrás a Igreja Grega — é como aquele que um dia ofereceu o Unigênito Verbo Encarnado; e é (hoje como então) por Ele oferecido, sendo o mesmo e único Sacrifício".

Por isso, e precisamente com o tornar presente este único Sacrifício da nossa Salvação, o homem e o mundo são restituídos a Deus por meio da novidade pascal da Redenção. E uma tal restituição a Deus não pode vir a falhar: ela é fundamento da "nova e eterna aliança" 'de Deus com o homem e do homem com Deus. Se viesse a faltar uma tal restituição, dever-se-ia pôr em questão quer a excelência do sacrifício da Redenção, o qual no entanto foi perfeito e definitivo, quer o valor sacrifical da Santa Missa. A Eucaristia, por conseguinte, sendo verdadeiro sacrifício opera esta restituição a Deus.

Daqui se segue que o celebrante, enquanto ministro daquele Sacrifício, é o autêntico Sacerdote, que opera — em virtude do poder específico da sagrada Ordenação — um verdadeiro ato sacrifical que reconduz os seres a Deus. Por outro lado, todos aqueles que participam na Eucaristia, sem sacrificar como o celebrante, oferecem com ele, em virtude do sacerdócio comum, os seus próprios sacrifícios espirituais, representados pelo pão e pelo vinho, desde o momento da apresentação destes ao altar.

Um tal ato litúrgico, efetivamente, solenizado por quase todas as liturgias, "tem o seu valor e o seu significado espiritual". O pão e o vinho tornam-se, em certo sentido, símbolo de tudo aquilo que a assembleia eucarística é portadora, de si mesma, em oferta a Deus, e que oferece em espírito.

A consciência do ato de apresentar as ofertas deveria ser mantida durante toda a Missa. Mais ainda, ela deve ser levada à plenitude no momento da consagração e da oblação "anamnética" (“Celebrando, pois, a memória...”), como o exige o valor fundamental do momento do Sacrifício. Parece ser útil retomar aqui algumas expressões da terceira Oração eucarística, que manifestam particularmente o caráter sacrifical da Eucaristia e conjugam a oferta das nossas pessoas com a de Cristo: "Olhai benigno para a oblação da Vossa Igreja: vede nela a Vítima que nos reconciliou convosco; e fazei que, alimentando-nos do Corpo e Sangue de Vosso Filho, e cheios do Seu Espírito Santo, sejamos em Cristo um só corpo e um só espírito. O mesmo Espírito Santo faça de nós uma oferenda permanente".

Um tal valor sacrifical é também expresso já em todas as celebrações, pelas palavras com que o Sacerdote conclui a apresentação das oferendas, ao pedir aos fiéis para orarem a fim de que "o meu e vosso sacrifício seja aceito por Deus Pai todo-poderoso" Tais palavras têm um valor comprometedor, na medida em que exprimem o caráter de toda a Liturgia eucarística e a plenitude do seu conteúdo tanto divino como eclesial.

Todos aqueles que participam com fé na Eucaristia se dão conta de que ela é "Sacrificium", ou seja uma "Oferta consagrada". Com efeito, o pão e o vinho, presentes no altar e acompanhados da devoção e dos sacrifícios espirituais dos participantes, são finalmente consagrados, de tal modo que se tornam verdadeira, real e substancialmente o Corpo entregue e o Sangue derramado do próprio Cristo.

Assim, em virtude da consagração, as Espécies do pão e do vinho tornam presente, de modo sacramental e incruento, o Sacrifício cruento e propiciatório oferecido pelo mesmo Cristo na Cruz ao Pai pela salvação do mundo. Somente Ele, de fato, entregando-Se como vítima propiciatória, num ato de suprema doação e imolação, reconciliou a humanidade com o Pai; unicamente mediante o Seu sacrifício foi "cancelado o documento escrito contra nós, com as suas disposições a nós desfavoráveis".

Para tal sacrifício sacramental, as ofertas do pão e do vinho, acompanhadas da devoção dos fiéis, prestam todavia uma sua contribuição insubstituível, uma vez que, com a consagração sacerdotal, elas se tornam as sagradas Espécies. Isto torna-se patente no comportamento do Sacerdote durante a Oração eucarística, sobretudo durante a consagração, e depois quando a celebração do Santo Sacrifício e a participação no mesmo são acompanhadas da consciência de que "o Mestre está ali e te chama". Este chamamento do Senhor, a nós dirigido mediante o Seu Sacrifício, abre os corações, a fim de que estes — purificados no mistério da nossa Redenção —, se unam a Ele na Comunhão eucarística, que confere à participação na Missa um valor maturo, pleno e comprometido da humana existência: "a Igreja deseja que os fiéis, não somente ofereçam a vítima imaculada, mas que aprendam também a oferecer-se a si mesmos; e assim vão aperfeiçoando de dia para dia mais, por meio de Cristo Mediador, a sua união com Deus e com os irmãos, para que Deus finalmente seja tudo em todos".


Dom Henrique 
Soares da Costa,

Bispo Titular de
Acúfica e Auxiliar de Aracaju.






Fonte: http://costa_hs.blog.uol.com.br/

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