Por amor a Ele!


Na Epístola aos Romanos, o Apóstolo diz, falando de Cristo Jesus: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, os perigos, a espada? Segundo está escrito: ‘Por Sua causa somos postos à morte o dia todo, somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro’. Mas, em tudo isto, somos mais que vencedores, graças Àquele que nos amou” (Rm 8,35-37).

Gostaria de partilhar com você, Irmão de fé, alguns pensamentos sobre este texto das Escrituras...

Observe como o princípio de tudo, a raiz mesma da nossa vida como cristãos é o amor de Cristo. Dele jamais devemos nos separar. Vejo tantos irmãos nos blogs, no Facebook, no twitter, que demonstram amor à Igreja, à sua história, à sua liturgia... Vejo tantos jovens encantados com o ser-católico... Tudo isto alegra o coração e é belo. Mas, ainda não é o núcleo, o essencial de quem realmente deseja ser cristão católico!

O essencial é o amor a Cristo Jesus, a paixão por Ele, um amor, uma paixão que nos vão fazendo inseparáveis Dele. É isto – e só isto – que nos mantém na fé e na verdadeira adesão a tudo quanto é cristão e católico. Amor de Cristo! Ser capaz de escutá-Lo, ser capaz de perder tempo com Ele na oração, ser apaixonado pela Sua palavra na Escritura, procurar viver a vida alicerçados incondicionalmente nos Seus preceitos, servi-Lo nos irmãos, sobretudo nos que mais são pobres das pobrezas deste mundo, ter saudades de estar com Ele nos sacramentos, sobretudo na Eucaristia, desejar viver com Ele e padecer por Ele, com Ele e Nele vivenciando serenamente todas as dores, apertos e dificuldades da vida. O apaixonado por Cristo não se envergonha de que saibam que ele é Dele; pelo contrário, por todos os meios deseja gritar ao mundo que tem um amor no seu coração, e esse amor é Jesus! Percebe, meu Irmão, que este é o núcleo de ser cristão, ser padre, ser religioso, ser bispo, ser papa? Sem isto, nenhum cristianismo é autêntico e nenhuma fé católica é verdadeira!

Quando fazemos tal experiência do amor a Cristo nesta vida, tudo ganha novo sentido e já não queremos outra coisa que viver no amor de Jesus.

O mundo nos verá como tontos, idiotas e alienados... Mas, quando estamos abrasados neste amor, inebriados nesta doçura de ternura por Jesus, que nos importa o que pensam ou deixam de pensar de nós? Quem, pois, nos poderá separar do amor de Cristo quando experimentamos o gostinho de um amor assim? O coração o deseja e deseja ser só Dele, sem divisão, sem partilha. Dele, de modo absoluto, para dizer-Lhe com cada fibra: “Eu Te amo!” Sem esse amor, de nada adiantam obras e projetos, palavras e estudos; com esse amor, tudo se torna precioso e apto para o Reino de Deus.

Eis o motivo de São Paulo, que viveu um amor assim, desafiar: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, os perigos, a espada?” Venha o que vier, o amor de Cristo compensa e em nós vai se tornando sempre mais recompensa superabundante!

Irmão, não tenha medo de padecer por Cristo! Não receie nunca as incompreensões, as tentações, as injustiças, as solidões, as privações, as próprias fraquezas, as incertezas, se tudo isto for por amor a Nosso Senhor! Eis o que diz a Escritura, nos prevenindo: “Por Sua causa somos postos à morte o dia todo, somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro”. Pense bem: nossa adesão a Cristo comportará sempre renúncia, sofrimento, incompreensão, tentação de desânimo, momentos de trevas... É por causa Dele mesmo: “Por Sua causa!” Que felicidade (muitas vezes não sentida, mas vivida no profundo d’alma) poder dizer, triste, choroso, fragilizado, tentado: “É por Tua causa, Senhor! Está doendo, estou sofrendo, sinto-me no limite de minhas forças, mas permaneço, persisto, persevero porque é por Tua causa!” Diga-me, meu querido Irmão de caminho: como se pode ser cristão fugindo disso? Que amor é esse que não suporta sofrer por causa de quem se ama? “É por Tua causa!” Ó palavra difícil; ó palavra tremenda, ó palavra consoladora, que nos enche de força! Por causa Dele ser colocado à morte para nós mesmos e nossos desejos e nossas paixões e nossas comodidades e nossas seguranças... Ser colocados à morte! Como é difícil! Ser como ovelhas levadas ao matadouro – várias vezes pelos próprios irmãos na fé e até por quem nos deveria dar o exemplo de obediência e fidelidade, de amor à Igreja e adesão à sua doutrina e disciplina... E, no entanto, quando o nosso coração está cheio do amor de Jesus, que serenidade, que força, que estranha e entranhada paz: “É por Tua causa! Basta-me!” Se temos o amor Dele, se estamos unidos a Ele pelo laço do amor, “em tudo isto somos mais que vencedores, graças Àquele que nos amou”.

Penso agora em tantos jovens irmãos meus, padres, seminaristas, jovens religiosos, que enfrentam dura batalha por desejarem ser totalmente de Cristo e da Sua Igreja, por amarem o Santo Padre, por desejarem ser fieis realmente ao ser cristão e ser católicos na doutrina, na liturgia, na prática da virtude, na observância da disciplina eclesiástica... Não tenham medo, não desistam, não sejam covardes: se o sofrimento é por causa Dele, então é também prova certa de predileção Dele, é sinal seguro de que se está seguindo os Seus passos e pagando-se o preço da fidelidade! Mas, vejam: tudo isto tem que ser por amor entranhado a Cristo! É Ele o único necessário, é Ele a fonte de todo bem, é Ele quem farta nosso coração de paz e alegria, é Ele o sentido último do nosso ser cristão, ser católico, ser fiel; é Ele a certeza da nossa vida!

Permaneçam alicerçados Nele, meus amados irmãos e rezemos uns pelos outros para sermos fieis ao Seu amor até o fim, até o abraço final, até descansarmos para sempre no Seu coração bendito!

Dom Henrique Soares da Costa

Fonte: http://costa_hs.blog.uol.com.br/


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