Pentecostes:

 O retorno do Espírito de 
Jesus Ressuscitado entre os seus 

“Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2, 1-4).

“Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: “Paz a vós! Shalom!” Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor. Disse-lhes outra vez: ‘A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós.’ Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: ‘Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos’ ” (Jo 20,19-23).

Com essas palavras o evangelista João descreve o Pentecostes joanino, diferentemente do Pentecostes retratado por São Lucas (cf. At 2, 1-4), que é uma maneira distinta de conceber o dom do Espírito. Enquanto Lucas vê o Espírito Santo, sobretudo, como um dom feito à Igreja em vista da sua missão e o coloca no dia de Pentecostes; João, por outro lado, vê o dom do Espírito como o princípio da vida nova, jorrada da Páscoa de Jesus e assim liga a Páscoa a Pentecostes.

Portanto, o Espírito não só reanima a Igreja, como também a empurra no mundo para que comunique a todos o amor experimentado como chamado da salvação universal. Agora podemos compreender melhor a relação íntima entre Cristo e o Espírito e a dimensão progressiva pneumática do quarto Evangelho, vista como a penetração íntima no mistério de Cristo.

Ao início do Evangelho, de fato, é feita uma promessa com a descida do Espírito sobre o Messias: haverá “um batismo no Espírito Santo” (cf. Jo 1,33ss), acontecimento confirmado também no colóquio entre Jesus e a mulher samaritana (cf. Jo 4,14ss). Esta promessa, em seguida, vem apresentada com relação “à glorificação” de Jesus, que indica a Sua morte gloriosa, antecipada no discurso feito por Cristo durante a festa das tendas, (cf. Jo 7,37-39) que depois foi concluída na cruz, quando o Senhor doa o Seu Espírito à Igreja nascente, representada por Maria e pelo discípulo amado (cf. Jo 19,25-27). Enfim, ela é difundida com a Ressurreição de Cristo no dia de Páscoa, quando o Ressuscitado sopra sobre os discípulos fazendo-os protagonistas no mundo da vida nova, que Ele operou neles (cf. Jo 20,22). No Evangelho de João o dom do Espírito Santo inaugura o Pentecostes na Igreja


Também o nosso tempo é chamado a ser uma nova graça do Espírito e o desejamos com as palavras proféticas do patriarca Ignácio IV de Antioquia: “O acontecimento pascal, que aconteceu de uma vez para sempre, como condiciona o nosso hoje? Por obra d’Aquele que, do fim ao início, é o artífice na plenitude dos templos: o Espírito Santo. Sem Ele, Deus é distante, Cristo permanece no passado, o Evangelho é carta morta, a Igreja, uma simples organização; a autoridade, uma dominação; a missão é propaganda; o culto, uma simples recordação; o agir cristão, uma moral do escravo.

Mas n’Ele há uma sinergia indissociável, o cosmos é elevado e geme no parto do Reino, o homem luta contra a carne, Cristo, ressuscitado, está aqui, o Evangelho é potência da vida, a Igreja quer dizer a comunhão Trinitária, a autoridade é um serviço libertador, a missão é um Pentecostes, a liturgia é memorial e antecipação, o agir humano é deificado. […] Esta sinergia do Espírito Santo introduz ao nosso mundo horizontal um dinamismo novo, a um tempo todo diferente e todo interiorizado”.

Estes são os votos que fazemos por ocasião de Pentecostes: abramos espaço ao Espírito Santo em nosso interior, invocando-O como Consolador, Amigo e Guia de nossa vida cristã.








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