A conversão sensacional de São Paulo foi um dos fatos mais marcantes da história do Cristianismo. Cristo o escolheu e designou para ser o apóstolo dos pagãos, os que eram chamados de gregos pelos judeus. Para isso Deus precisava de um homem culto, que falasse, como ele, o grego, o latim e o hebraico e pudesse então pregar em toda a terra conhecida. Entre os Doze Apóstolos da Galileia não havia alguém com este preparo. Paulo era o homem certo. Primeiro era um judeu ortodoxo, nasceu em Tarso, hoje Turquia, que era uma próspera cidade romana onde se falava o grego; e por judeu falava também o hebraico. E por estar no Império Romano sabia o latim. Por outro lado, era cidadão romano, tinha “passaporte” romano, porque seu pai havia comprado a cidadania romana por alto preço. Assim o apóstolo dos gentios podia viajar livremente por todo o Império, com os direitos de cidadão romano, sem ser proibido. Era um cidadão do mundo, cosmopolita.
Depois disso Saulo rumou para Damasco, na Síria, sedento de aniquilar os seguidores da nova "seita do Caminho”, mas Cristo o deteve; mostrou-se a ele que caiu por terra e reconheceu que era Jesus, cujos discípulos ele perseguia. Junto com a queda, aconteceu a conversão; Jesus apenas lhe diz: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” O futuro apóstolo entendeu então que não perseguia apenas os discípulos de Jesus, mas o próprio Cristo em cada um deles. É a realidade do Corpo Místico de Cristo, a Igreja, onde cada um é membro deste Corpo (cf. I Cor 12,28).
Paulo, então, dominado, não tem outra palavra, senão esta: “Senhor, o que queres que eu faça?”. E Cristo o envia ao velho Ananias, que lhe dará o batismo da salvação. E Deus diz a Ananias: “Este homem é para mim um instrumento escolhido, para levar o meu nome diante das nações pagãs, dos reis e dos filhos de Israel. Eu mesmo lhe mostrarei quanto lhe é preciso sofrer em favor do meu nome” (At 9,15-16).
E tudo isso se realizou plenamente na vida do grande apóstolo, que fez de Cristo a razão do seu viver: “Fui crucificado junto com Cristo. já não sou mais eu quem vivo, é Cristo que vive em mim. Minha vida presente na carne eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e morreu por mim” (Gal 2.20-21).
Desta conversão radical surgiu o grande apóstolo dos gentios, da Antioquia na Síria, e Jerusalém, ele mergulhou nos países pagãos: fez três grandes viagens missionárias percorrendo a Turquia de hoje, a Grécia, Macedônia, chegando a Roma e à Espanha, pregando a todos o Evangelho, sofrendo ultrajes, muitas flagelações, prisões, fome, naufrágios e calúnias, ameaçado de morte muitas vezes, tendo de fugir de diversas cidades por causa das perseguições. Nesses mais de trinta anos de apostolado escreveu 13 cartas fundamentais que deram base à teologia católica, uma riqueza que somente um doutor em Bíblia, inspirado pelo Espírito Santo, podia compor. Sua caminhada é sua luta por Cristo e pela Igreja; a conquista de almas para Jesus só cessou quando, no ano 67, na cruel perseguição de Nero, sua cabeça foi decepada.
Professor Felipe Aquino
Pregador e escritor católico e apresentador do "Pergunte e responderemos" e "Escola da Fé" da TVCN
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