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O APELO DO GRANDE REI













Um dos apelos mais impressionantes de Jesus, mas que perde, por vezes, toda sua grandiosa força por ser tanto repetido, e até maquinalmente, é, sem dúvida, este: “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei” (Mt 11,28).

Quando algum amigo sabendo que alguém passa por dificuldades e tem capacidade de ajudar e chama o outro para, desinteressadamente, socorrê-lo e este não o atende, se trata de uma insânia merecedora de vitupério. Pois bem, é o Filho de Deus quem oferece assistência.

Não ir ao seu encontro, além de insânia, seria uma tremenda ingratidão para com sua gentileza infinita. Estaria configurada uma insensatez não aceitar auxílio tão oportuno, vindo de quem é poderoso e o melhor dos amigos. Na História se encontram, além disto, pessoas que sobressaem, varões brilhantes, arrojados, inteligentes, geniais que arrastam atrás de si multidões, corações que se deixam seduzir por suas palavras e atos. Foi assim que os veteranos de César se entregavam às refregas mais duras a um simples aceno do Imperador. Os soldados de Napoleão se tornaram célebres por atender às ordens de seu prestigioso Chefe.

Cristo é muito mais do que um César ou um Napoleão, infinitamente mais excelente, maior e mais atrativo que qualquer outro grande personagem. Recusar seu convite de ajuda, de apoio seria um tremendo desvario. É, porém, o que acontece com tantos cristãos que ficam prisioneiros de suas turbulências interiores, de suas fobias, de suas depressões, de suas angústias. Isto acontece porque não sabem viver uma história de amizade divina e não entram na intimidade do coração daquele que afirmou: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos” (Jo 15,13).

Cumpre, em conseqüência, entregar a Ele todas as preocupações, mas com uma tal fidúcia que não seja como filandras, com uma segurança que não pareça uma teia de aranha. A certeza da intervenção de Jesus para sanar as dúvidas interiores deve ser firme como um rochedo, dado que não se pode desesperançar-se diante do poder deste Médico divino que sana todos os males do corpo e da alma. Trata-se de uma atitude inquebrantável, indefectível, por mais desesperada que seja qualquer situação. Aqueles que possuem uma tal confiança podem repetir com Davi: “Senhor, jamais abandonais quem vos procura” (Sl 9,11). Este salmista deixou este conselho admirável: “Confia ao Senhor a tua sorte, espera nele, e ele agirá” (Sl 36,5). Aliás, os salmos são uma escola de total serenidade: “Ó Senhor, quando o terror me assalta, é em vós que eu ponho a minha confiança” (Sl 55,4). É que “mais vale procurar refúgio no Senhor do que confiar no homem. Mais vale procurar abrigo no Senhor do que confiar nos grandes da terra" (Sl 117, 8-9).

Confiar quer dizer entregar a, depositar as próprias esperanças em, contar com algo ou alguém. Eis porque as palavras de Jesus foram tão significativas: “Vinde a mim e eu vos aliviarei”. Dão total e absoluta segurança. Isto inclui uma fé incondicional nele e a esperança integral de que Ele, com eficiência, agirá. Nossos primeiros pais confiaram mais na serpente do que em Deus e foi um desastre completo, resultando uma virada determinante e trágica em toda história humana. Quando o cristão vai buscar nas criaturas a solução de seus problemas não pode receber a salvação que Jesus lhe oferece, dom totalmente gratuito que só pode ser auferido por quem está disposto a acolhê-lo, porque se reconhece necessitado dele. Entretanto, só pode atender ao apelo de Cristo quem é humilde, pois quem se julga capaz de se safar de suas aflições confiado em si mesmo jamais encontrará o repouso prometido pelo divino Redentor.

O reconhecimento e a aceitação da própria absoluta impotência, unidos a uma fé firme abrem o caminho para a confiança extrema, ao ponto de esperar tudo daquele que é a verdadeira guarida dos que sofrem e padecem. Quando Cristo fez este convite: “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei”, Ele desejava que o cristão não se lançasse a seus pés, mas, sim, que se jogasse com alegria em seus braços amorosos! Este verdadeiro discípulo do Redentor é que pode compreender que Jesus e o homem devem ser como a pergunta e a resposta, a dificuldade e sua solução, dado que quem encontra nele a resposta de suas dúvidas e a saída de seu problema, este está, realmente, salvo e desembaraçado de suas preocupações!

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

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