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Natal de Cristo,

um belo plano de Deus




O respeito que tenho por todas as religiões me permite afirmar, com plena certeza, que nenhuma delas se iguala ao cristianismo. Nenhum fundador de religião teve seu nascimento tão sabiamente preparado. Foram milênios em que Deus foi revelando o plano de enviar-nos o seu próprio Filho como Redentor. Impressionam as claras referências ao Menino que nasceu em Belém há vinte séculos.

No livro do Gênesis lê-se: “Porei inimizade entre ti, demônio e a mulher. Entre a tua descendência e a dela. Ela esmagará a tua cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (3,15). Quem não vê nesse texto as figuras de um novo Adão e uma nova Eva, Cristo e Maria, destinados a vencer Satanás? Outro texto profético, de 1850 a.C., relata Javé ordenando a Abraão que deixe sua terra, Hur da Caldéia, dirigindo-se para Canaã, a Terra Prometida a ele e a seus descendentes, entre os quais o mais ilustre seria exatamente Cristo. É texto de um relevante valor: “Deixa a tua terra e vai para a terra que Eu te mostrarei. Farei de ti uma grande nação. Eu te abençoarei, multiplicarei e exaltarei o teu nome. Todos os povos da terra serão abençoados em ti!” (Gn 12, 1-3).

Quando o povo hebreu vivia escravizado no Egito, em 1250 a.C., Deus apareceu a Moisés mandando que se apresentasse ao Faraó, exigindo a liberdade de seu povo. Liderados por ele e Josué, deveriam retornar à Palestina, onde profetas como Jeremias e Isaías continuariam antecipando o evento do nascimento de Cristo: “Por que tumultuam as nações? Porque tramam os povos vãs conspirações e os príncipes se unem para conspirar contra o Senhor e o seu Cristo. Vou publicar o decreto do Senhor, que me disse: ‘Tu és o meu Filho e eu hoje te gerei. Dar-te-ei por herança todas as nações da terra e tu possuirás os confins do mundo!” (Sl 2, 7-9).

Mais próximo do nascimento de Jesus, por volta de 700 a.C., Jeremias adiantava que Deus enviaria ao seu povo e à humanidade um novo Pastor “segundo o seu coração”, um “servo sofredor” e um “rei que governará com sabedoria exercendo na terra o direito e a eqüidade”. Nesse mesmo tempo Isaías antecipava os sofrimentos de Cristo: “Ele, como manso cordeiro, será levado ao matadouro. Carregou os nossos sofrimentos. Foi ferido por Deus e humilhado. Graças às suas chagas nós fomos curados. Maltratado, não abriu a boca” (53, 4-7).

Miquéias falava sobre a cidade em que nasceria o Messias: “E tu, Belém de Judá, não é a menor das cidades, porque de ti sairá aquele que é chamado a governar Israel. Suas origens remontam aos tempos antigos, aos dias do longínquo passado” (5,1). Novamente o mesmo profeta diria, em célebre passagem do seu livro: “Eis que uma virgem dará à luz um filho e o chamará Emanuel, Deus conosco” (7,14).

Depois Malaquias profetizaria: “Vou enviar o meu mensageiro para preparar o meu caminho... Quem poderá resistir quando Ele aparecer?” (3, 1-5). Pouco antes o mesmo profeta, um dos últimos do Antigo Testamento, anteciparia que “do nascer ao pôr-do-sol se oferecerá ao seu nome incenso, sacrifícios e oblações puras” (1, 10-11).

Por fim, no Novo Testamento o Apóstolo Paulo afirmou, na Carta aos Hebreus: “Muitas vezes e de diversos modos outrora Deus falou aos nossos profetas. Ultimamente nos falou por seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as coisas, esplendor da glória de Deus e imagem do seu ser que sustenta o universo com o poder de sua palavra, superior aos anjos, pois a qual deles disse Deus alguma vez: ‘Tu és o meu Filho, Eu hoje te gerei’?” (1, 1-5).

O Natal é de Cristo e ninguém tem o direito de roubar-lhe a festa. Aproximemo-nos da gruta de Belém. Com José e Maria, adoremos o Menino Jesus honrando nossas crianças e famílias. Cristo é o centro da história e continuará sendo. A Ele cabe um primado que não lhe será tirado. Como disse João Paulo II: “No mistério de Cristo compreende-se o mistério do homem!”.

Dom Amaury Castanho

Bispo Emérito de Jundiaí

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