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Depende do amor

O amor nos faz olhar o que
há de bom nas pessoas
 
Quando amamos alguém de verdade, estamos sempre procurando uma maneira de proteger esta pessoa, mesmo quando ela está errada, colocamo-nos ao seu lado, porque a amamos. Podemos não concordar com o que ela fez, mas ficamos em busca de uma razão para desculpá-la. O amor é assim, tudo desculpa!

Quantos pais já pagaram pelos erros de seus filhos?! Muitos assumiram sobre si a culpa, a fim de desculpá-los; fizeram isso porque os amaram.
Prenderam, uma certa vez, um assassino muito cruel, havia matado muitas pessoas de maneira terrível. Encarcerado em prisão de segurança máxima, sozinho numa cela, ninguém o visitava. Ele era considerado um monstro.
Naquela manhã de sábado, porém, anunciaram que alguém o viera visitar. O carcereiro não podia acreditar que alguém pudesse se importar com um indivíduo tão ruim. Contrariado e resmungando, fez entrar a visitante dizendo: “Para visitar este animal, só se for a mãe dele!” E, realmente, era ela! O amor nos faz olhar para o que há de bom nas pessoas, e nos salva de julgá-las pelas suas atitudes com intenção de condená-las.
Quando olhamos para o homem em busca do mal, sempre vamos encontrá-lo. O que Deus nos quer dar é, também, um novo olhar sobre o nosso irmão, desprovido de nossos julgamentos envenenados que insistem em condenar aquele que se encontra na mesma condição que nós. “Por isso, não tens desculpa tu, ó homem, quem quer que sejas, que te armas em juiz. É que, ao julgares o outro, a ti próprio te condenas, por praticares as mesmas coisas, tu que te armas em juiz.” (Rom 2,1) Em geral, condenamos nos outros os defeitos que temos em nós e, que não aceitamos reconhecer. Temos de ter cuidado! Jesus diz: “Não julgueis, para não serdes julgados” (Mt 7,1), se julgarmos o nosso irmão para condená-lo, o Senhor terá que nos julgar a nós.

Podemos, e devemos fazer juízo sobre as situações, mas não nos cabe dizer se alguém é bom ou é mal, isso cabe a Deus. Podemos reprovar as obras más, mas não temos o direito de junto com o pecado, condenar também o pecador.
Que remédio usar para não condenar?

São Francisco de Sales comenta sobre os danos que os nossos julgamentos causam não só às pessoas, mas também à nossa alma e, aponta o remédio: “Diz-se que quem bebeu do suco de uma erva da Etiópia, chamada ofiúsa, imagina ver por toda parte serpentes e, mil outras coisas pavorosas e, para curá-los, é preciso lhes dar a beber um pouco de vinho de palma. Seja como for, mas quanto aos que se deixaram corromper pela inveja, ambição ou ódio, achem mal e repreensível tudo o que vêem; para estas pessoas só o espírito de caridade que a palma representa pode vencer esta má inclinação de formar juízos temerários e iníquos.
A caridade, muito longe de ir observar o mal, teme até encontrá-lo, e, se o encontra, procura evitá-lo, fazendo como se não o visse. Se ouve, por alto, falar de alguma coisa má, mais que depressa fecha os olhos e por sua santa simplicidade pensa que foi só uma sombra ou aparência do mal.

E se, coagida, tem que reconhecer a realidade dum mal, ela vira logo que pode os olhos para o outro lado e procura esquecê-lo.

A caridade é, pois, um meio eficacíssimo para todos os males, mas particularmente para este.

Todas as coisas aparecem amarelas aos olhos dos achacados da iterícia e diz-se que para os curar é necessário aplicar um certo emplastro na planta dos pés. A malícia do juízo temerário, dum modo semelhante a esta doença, faz parecer tudo mau aos olhos dos que a apanharam. Quem se quer curar tem que aplicar algum remédio, não ao espírito, mas aos afetos do coração, que se podem chamar figuradamente os pés da alma, porque por eles ela se move para onde quer. Se o teu coração é, pois, bondoso e cheio de amor, os teus juízos serão delicados e caridosos”.

Tudo depende do amor que temos!


Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com

Missionário da Comunidade Canção Nova, formado em teologia, autor dos livros "Quando só Deus é a resposta" e "Vencendo aflições, alcançando milagres".

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